Monday, March 27, 2006

exame de português

Dizes-me que não e eu não acredito. Dizes-me que sim e eu acho fácil de mais. Como é que ficamos? Eu digo-te: diz-me por outras palavras, fala-me por metáforas, fala-me como se eu fosse o exame de português do 12º ano. Mas tem cuidado, porque sendo eu uma folha de teste sou frágil, por isso não utilizes muita borracha, de modo a não me gastares, por outro lado quero que escrevas em mim, quero que me escrevas todo, coloca em mim toda a tua sabedoria, toda a tua eloquência, todos os teus sentimentos, para que te possa sentir, para te poder compreender, e, então, perceber o que me queres dizer timidamente.
Vai avançando com cuidado, não escrevas fora das margens, não me abuses, como que tentando arrancar da minha margem espaço para escrever mais e mais. Nota que me apresentei a ti nu, branco, sem nada mais do que as linhas onde agora escreves, por isso percebe que és tu que me vais fazendo crescer, no início não sabia nada, e agora de um momento para o outro sou a biografia do Eugénio de Andrade, passando imediatamente para um poema da Sophia. É com as tuas palavras que me vou moldando, que começo a tomar forma e sentido. É contigo que eu vivo, que eu penso, é por ti que eu existo.
Gostei de ter sido o teu exame, gostei de conhecer as tuas capacidades, gostei de ter sido escrito por ti. Na minha opinião mereces vinte valores, pois as palavras escritas sobre mim, nas minhas costas, nos meus braços e pernas, no meu ser, são de extrema beleza, são de um sentimento brutal, de uma complexidade tremenda, no fundo são escritas por ti.

5 dias de sonhos

Dia 1 de sonhos
Deito-me devagar, ainda esquecido em ti. Bebo as memórias que juntos partilhámos quando só nós importávamos. Adormeço ansiosamente, em busca daquilo que sempre procurei.
Dia 2 de sonhos
No meu sonho melancólico há um corredor. No fundo desse corredor existe uma porta que eu nunca consegui alcançar, embora todos os dias fique cada vez mais perto…
Dia 3 de sonhos
Mas desta vez sinto que vou conseguir. Sei que vou conseguir. Sei-o por ti, pois um dia disseste-me adeus, e, agora, sei que apenas te posso encontrar em sonhos…
Dia 4 de sonhos
Finalmente a porta. Mas, para meu espanto, reparo que esta porta não possui qualquer forma de a abrir. É neste momento em que desespero, que a porta se abre.
Dia 5 de sonhos
Entro num espaço cujas paredes são compostas por espelhos, e neles, está reflectido um ser maravilhoso, ser esse que me acorda, e me traz de volta para a realidade.
Eras tu esse ser. Eras tu quem eu procurava nos meus sonhos.

nas ruas em que me perco

Paro em ruas que não conheço, as ruas por onde vagueio quando a noite é escura, íntimas de uma pessoa que não eu, mas sim de uma outra que às vezes reencarna no meu corpo. Essas ruas sussurram-lhe ao ouvido, e, calmamente, guiam-no nas profundezas dos seus segredos, até ao fim, até ao amor, pois o amor reside nessas ruas.
Amor, se bem o entendo, não o percebo. Contradigo-me? Não sei. Talvez, mas o amor, esse conceito estranho, é intangível. Apenas alguns afortunados o atingem. Moradores, certamente, dessas ruas escuras.

O amor

Olhei-te mais uma vez, para te encontrar sentada diante de um cartaz, perdida em pensamentos que eu sei serem só teus, e, calmamente, abrindo uma folha de papel que te deixei nas mãos, antes de fugir.

O cartaz que tens à frente anuncia uma exposição num museu que não se insere em noções de espaço ou tempo, apenas na mente das pessoas, museu esse, que apenas cobra entrada a quem tu quiseres, pois as pessoas vão a esse antro de cultura apenas para te ver. És tu a exposição. És tu o quadro, onde artistas há muito esquecidos pintaram a vida, o sentido da vida.
O amor.
O amor é esse desenho que tens pintado nas costas, nos braços, nas pernas, em todo o teu ser. O amor é eu querer ficar contigo, até a exposição fechar, até o empregado do museu me mandar embora, até tu me mandares embora. O amor sou eu e tu, será preciso repetir?

Abres a folha que te dei, para leres numa só linha,
“Não deixes que me levem, vou guardar-te um bocadinho da minha vida”

Monday, March 20, 2006

Deveria estar a fazer qualquer coisa que não isto...

Deveria, mas mesmo assim aqui estou eu. Quando aqui venho escrever, não há qualquer hipótese- acabo sempre por falar de ti. Mas, diz-me, quem és tu? Terás de me fazer compreender as razões pelas quais eu falo de ti, devo estar senil, devo estar mesmo demente a precisar de ajuda, pois falo de ti sem saber quem és...
Gosto de pensar em ti, tu, na tua pose mais doce, no teu corpo perfeito, a olhar para o infinito
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Isto era o infinito para onde olhavas......amiga...

Friday, March 17, 2006

Não sei, mas apeteceu-me

És qualquer coisa de extraordinário. Transmites-me coisas que eu nem sequer conhecia. Sentimentos novos que até agora nunca tinha experienciado. Posso-te dizer que estou sob a influência do alcóol, e nem percebo como é que não estou a escrever sem erros. as teclas fogem-me, toco-as sem as sentir, todo eu sou leve neste momento. tal como tu. és leve na tua totalidade, flutuas neste ar que absorvo e respiro sofregamente, para não te perder, és tu o meu ar. és tu que me iluminas o caminho, és tu que me fazes viver. Quem és tu? não sei, és alguém que a minha vida admira. Serás mãe? Irmã? Amiga? ao mesmo tempo tudo isso? Não consigo dizer, até porque neste momento não consigo pensar, escrevo por instinto, já disse, nem sinto as palavras, ou melhor, as teclas do teclado dum amigo meu, o leonardo, tamos todos em casa dele, mas eu estou no computador (não é óbvio?) enquanto ouço o fernando e o xicana a mandar bacoradas da pior espécie. Lê-me, eu escrevo-te aqui. Tu. Tu. Tu. Sempre tu...
Meu Deus (que eu nem venero, pois sou ateu) este vodka cola tá a bater tanto...
Olho de vez em quando para o monitor, pa ver se eventualmente tenho algum erro, mas nem isso consigo fazer, pois em vez de um monitor lcd, vejo-te a ti. Vejo-te em todo o lado. até na escola (ok, tu ANDAS na minha escola). rectifico- vejo-te nos intervalos. Ou serás tu da minha turma? Ainda não sei dizer de onde te conheço, neste momento não conheço ninguém, nem te conheço a ti, será que te sentas ao pé de mim nas aulas? será que estás na mesma discoteca que eu quando vou sair? será que estás a pensar em mim neste preciso segundo? .......... Será que pensaste em mim neste segundo que passou? posso-te dizer que eu pensei em ti.
Eu para sempre pensarei em ti aqui neste meu espaço de reflexão, de decadência, de sofrimento, sofro por não te ter. sofro por saber que apenas és minha amiga, ou conhecida? não sei bem separar os pensamentos, e dividi-los por grupos, não sei se isto está a fazer algum sentido, mas aviso mais uma vez que estou bêbado, ou melhor, estou "tocado" pelo alcool. (não tenho a certeza onde é o acento em alcool, por isso não ponho)

Este foi pa ti... (Ouço uma criança gritar lá fora, o q será? Vou ver, deseja-me sorte)

Blowin' in the wind

How many roads must a man walk down
Before you call him a man?
How many seas must a white dove sail
Before she sleeps in the sand?
Yes and how many times must cannonballs fly,
Before they're forever banned?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

Yes and how many years can a mountain exist,
Before it's washed to the seas
Yes and how many years can some people exist,
Before they're allowed to be free?
Yes and how many times can a man turn his head,
Pretend that he just doesn't see?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind.

Yes and how many times must a man look up,
Before he can see the sky?
Yes and how many ears must one man have,
Before he can hear people cry?
Yes and how many deaths will it take till he knows
That too many people have died?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

bob dylan

Wednesday, March 15, 2006

Lá longe, vejo-te a ti,

Lá longe, vejo-te a ti,
As estrelas,
Guiam o teu caminho,
As estradas trazem-te até mim,

Eu,
Aqui,
Espero…

Tu,
Aí,
Desesperas…

Nós,
Juntos,

Quem sabe?

Hell

It hurts…

It’s like chains, chains holding me in a place where I can’t reach you, where hounds walk in their lower limbs, and squalid animals reign defective thrones, where we’re speachless all the times, with all those cruel, silent acts we witness. where we catch glimpses of ancient red halos, which guide you into oblivion, into your utmost fears that instantly awake you, and bring you back to life, just to become another of those brainless corpses that wander around at night, and have no feelings…

Finally,
I have awoken… it’s good to see we are still walking this earth, not the dreadful hell I once entered…

"será um pormenor?" pergunto-me...

Reparo, com um esgar de perplexidade, num pormenor insignificante do mundo em que vivemos, não sei se já repararam, mas a vida é repleta de relações entre nós e as outras pessoas, relações essas que não me têm corrido bem. O que é que tenho feito mal? Ninguém me responde, estou no meu quarto absorto em pensamentos menos agradáveis sobre más atitudes que tenho tido. Arrependimento, é o que sinto.
No início disse que reparava num pormenor insignificante. Agora percebo que isto de insignificante nada tem, e pormenor deixa de ser a partir do momento em que nos debruçamos sobre ele, passando a ser uma grande dor de cabeça. Amigos, amigos, amigos… todos têm um papel importante nas nossas vidas, mas os que mais falta fazem, são aqueles que, com o tempo, aprendemos a respeitar, e reverenciamos acima de todos os outros. Os amigos verdadeiros, se é que lhes posso chamar assim. E esses contam-se pelos dedos da mão esquerda, pois a direita serve para cumprimentar, e qual é a minoria especial que quer ser contada por uma mão que se rende ao banal, à acção rotineira que tanto serve para um “olá”, como para um “adeus”?, não, os amigos verdadeiros não precisam disso, pois têm lugar cativo nessa grande bancada que é o nosso coração. Não há “olá” algum que possa exprimir o contentamento que sentimos quando os vemos, nem nenhum “adeus” que evidencie a tristeza e saudade que sentimos quando nos separamos.

Mas talvez isto seja um pormenor, não sei.

Digam-me vocês...

Encontro-te?

Hoje acordei, os raios de luz entravam pelas frinchas da persiana, sorrateiramente, duma maneira que me incomodava. Tento reparar com mais calma, e deparo-me contigo a olhar-me, sentada de lado na minha cama.
Esboço um sorriso, um daqueles que só conseguimos exprimir às pessoas que mais nos tocam, e estendo a mão para te tocar ao de leve na perna. Não te sinto. Não sinto a minha mão a ir de encontro ao teu ser, como se não passasses de uma mera percepção dos meus sentidos, uma lembrança benigna, um sentimento no estado puro, saído deste meu coração que anseia por te ver mais um dia, perdida na imensidão dessa tua beleza, gritando para que te encontrem e acarinhem.

Encontrei-te, mas não me vês. Toco-te, mas não me sentes. Afastando-te, dizes apenas,

“não quero que me encontres, ainda não…”

Tuesday, March 14, 2006

O Filme

O filme é uma bela porcaria. Porcaria no sentido em que é muito forte. O gajo passa a vida a violar, matar e esfaquear as pessoas. Não o consigo ver. Dou por mim sentado no chão da fila onde nos sentámos. Fazes-me companhia no chão. Também não consegues ver o filme. Fico ali a olhar-te, já nem me interesso pelo que se passa no ecrã. Agora o filme é outro. Vejo-te agarrada às pernas, espreitando de vez em quando por entre as cadeiras da fila da frente.
Enojas-te com o filme, mas no entanto sentes curiosidade em saber se conseguem matar o velho ou não. Acho piada a isso. Nesta escuridão do cinema reparo em todos os teus pormenores. Até a forma como mexes as orelhas quando fazes expressões faciais. Essas orelhas lindas, de que tu não gostas. Os teus cabelos castanhos têm um brilho estranho, como que enfeitiçados por um mágico que só se interessa por fazer as pessoas felizes. Por me fazer feliz. De vez em quando soltas uns gritinhos de nervosismo que me fazem saltar, por não estar a contar com eles. Talvez seja melhor saltar com os teus gritos, porque não me apetece ver o velho a cortar as mãos da rapariga com uma faca de mato. Raio de filme que fomos ver. Porque é que o Zé foi escolher este filme? Por acaso ele e a namorada são os únicos que estão a ver o filme com interesse, não se impressionam com estas coisas, não percebo.
De volta aos pensamentos que tu me transmites, sinto-te mais próxima de mim. Agora deitado, vejo-te a deitares-te também, a tua cabeça junto da minha. Não dizemos nada, e ficamos assim até o filme acabar e somos os últimos a sair da sala de cinema.
Já não sei quem és, já não te conheço. Não sei o teu nome nem onde vives. Sinto apenas que já te vi nalgum lado, sinto que já fomos íntimos e que a nossa intimidade agora é não mais do que não ver um filme de terror, deitados no chão da sala...

street- um estado de espírito



Podias ser um bocado mais condescendente. Hoje tirei o dia para ti, e tu não ajudas. Complicas as situações, fazes-me falhar, fazes-me cair e achas piada. Fazes tudo isto e continuas a não querer ajudar.
Às vezes até compreendo, fico com confiança a mais e admito que a culpa é minha quando não cumpro com objectivos impostos, um pouco severos para quem só anda nisto há dez meses. Caramba, hoje podias não ter escorregado no skate park, podias ter-te equilibrado na rede dos pescadores, podias ter voado mais nas escadas do molhe.
Será que procuro em ti falhas para desculpar os meus erros? Somos o que evoluímos. Somos o melhor que conseguimos dar. Essa é a verdade. A pessoa comum não consegue perceber a alegria, o contentamento que é quando aprendemos manobras novas, ou quando algo fica excepcionalmente bem, como esta fotografia. Essa é a beleza deste desporto, a constante evolução até ao dia em que entrarmos em perfeita sintonia um com o outro, e com a paisagem urbana, o dia em que eu e tu seremos capazes de pôr a cidade aos nossos pés, os elementos urbanísticos que no seu conjunto compõem um spot, toda essa maravilha de inventar linhas novas, anteriormente impossíveis, ou simplesmente nunca postas em causa.
Até esse dia seremos apenas mais uns, mais uns que tentam o que poucos conseguem – o estatuto de “deus do Street” só alcançado por uns poucos riders, lendas como Aaron Chase, Jeff Lenosky, Chris Donahue ou toda a equipa da 24 Bicycles que, com belezas iguais à minha, “shred the streets to pieces”.