hoje não sei sentir como sentes as coisas
hoje não te sei dizer a que sabe o sal
das coisas

sem voz que se ouça não sei dizer nada
nem nada mais pequeno que um punhado
destas coisas

sabemos todos tudo e
sabemos todos que nunca
somos o que sabemos que
queremos ser, sonhando

e quando estamos sós
no que julgamos ser só
nosso e pensamos no outro
que gostavamos de ser, e
não somos / e quando
estamos todos os que
sabemos tudo e somos
tudo, sonhamos e vemos
que não somos nada,
num segundo.

escuro é o silêncio da tua
voz meiga, muda
como é o negro da noite
sem estrelas, sem nada

não sabes alumiar o que
pisas, para não caíres
não sabes onde andas
e cais, sem o sentires

escureceu agora o dia, sim
o sol dormiu, (estrelas sinceras)
caímos todos num dia que é noite.
está escuro. mas tu, já o eras

12.11.2009, no autocarro 507