Monday, December 22, 2008

perdi várias palavras que me eram queridas.
se algum dia vires por aí uma das minhas palavras perdidas, por favor reencaminha-a para mim, para que eu a possa devolver ao aconchego da frase.
sem essas palavras sinto-me impotente. eram as mais bonitas, e perderam-se.


se não seguro palavras, como será contigo?
não te vou conseguir agarrar.

tenho medo de falhar.

Sunday, December 07, 2008

não era nada de mais, mas pronto. ou como dizia alguém, prontos.

Não era nada de mais, mas pronto. Ouvi alguém dizer que sim, que isto é que ia ser, e que se ia atirar com todas as forças e ia passar à frente de todos, que isto e aquilo, que mais algumas coisas também. Na minha opinião era chegar lá e pronto, não sei. Realmente a multidão aumentava, as pessoas comprimiam-se umas contra as outras e até insultos começavam a chover dum lado para o outro. Ai que tu és filho da não sei quantas, e tu vai para não sei onde, larga-me o ombro e chega-te para lá. Isto e pior, coitados dos honestos e das santinhas. E eu lá no meio, faça-me entender. As horas passavam, realmente chegar cedo nem sempre ajuda, havia quem chegasse largos minutos depois de mim e ousasse furar pelo meio dos inocentes. Como é que estes deixavam, não sei. Talvez estivessem mais interessados em contar os tostões e ver que realmente o trabalho não compensa, que passam largas horas em frente a balcões de instituições de serviço público, como aquela Loja do Cidadão, sítio horrível, diga-se, e que de facto se matam a trabalhar, a correr dum lado para o outro a aturar o patrão, e que no fim do dia chegam a casa mais cansados do que sei lá o quê, para ainda terem de fazer o jantar e pôr as crianças a dormir, que só não as foram buscar ao infantário porque era dia de ser o ex a tratar dos petizes. Realmente, filas destas nunca tinha visto. E já não era bem uma fila, era um ajuntamento de pessoas, como numa manifestação, que não é mais do que um ajuntamento de pessoas, mas fica mais bonito dar ares de intelectual de esquerda e fazer "manifestações" ou simplesmente "manifs". Bem, a hora por que todos esperavam lá ia chegando, e as tensões acumulavam-se. Senhoras a sentirem-se mal e a berrar, ai que se me falham as pernas e o meu Nelson fica sem Action Man, ai que lhe prometi um daqueles que é alpinista e se prende ao vidro com uma ventosa, coitado do meu Nelson, que até teve Suficiente + a matemática, diz a professora que deve de ser milagre o meu Nelson estar a atinar de uma vez por todas, que já é a segunda vez que está no quinto ano, fora os outros dois anos que quase que ia reprovando na primária, o meu Nelson. E com isto do Nelson da senhora ouve-se uma voz vinda não se sabe de onde a dar as boas-vindas ao novo shopping da cidade, enquanto as portas se abriam e a multidão lá entrava, que os 100 primeiros tinham desconto de 20% nas lojas de têxtil e artigos para o lar.
3 horas de espera e muitos cabelos brancos depois, lá me despachei rapidinho, que só queria umas lâmpadas novas para o candeeiro da sala, daquelas especiais de xénon, que por serem especiais não têm os 20% de desconto, se soubesse tinha ido ao Sr. Augusto, que é careiro mas não tem filas de 3 horas à porta.
Não era nada de mais, mas pronto. Ou como dizia alguém na fila, prontos. Uma pessoa às vezes tem de se misturar com o povo e desgastar-se, que depois quando se chega a casa tem-se um abraço apertado e um até que enfim, comecei a fazer aquela massa que tu gostas, trouxeste o filme para o serão? e aí sim, o dia esquece-se e nada mais importa. Só o filme, a massa com cogumelos e pedaços de salsicha feita por ela, e ela, de quem eu tanto gosto.