3a parte

Chamava-se Leonor e sempre se habituara a ter tudo o que queria.
Crescera com o sentimento de realização sempre presente. Boas notas, bons amigos, bom namorado.. até ao dia em que este fugiu, sem razão aparente, apenas com um bilhete de despedidas..
"vou-me, desculpa, não tens culpa" e Leonor sempre vivera na incerteza daquele amor perdido, pensando que tinha de se culpar de alguma coisa, por mais insignificante que fosse. Os rapazes nunca mais a interessaram, perdera o sentido da vida.. perdera-lhe o rumo e perdera-se nas memórias que o passado lhe punha à frente.
Verão perdido, Verão sem amor, sem sabor!
Mas uma Primavera devolveu-lhe uma réstia de esperança, um leve trago a verão, numa garrafa de coca-cola. num jovem sentado numa esplanada. todos os dias. a toda a hora.
E Leonor arriscou.

"Já são 5.. saio agora.. estás interessado num passeio à beira-mar?"
"Estarei...?"
"Bem, eu diria que sim, tendo em conta que te sentas nesta esplanada todos os dias. e olha que aquela lá do fundo tem torradas bem melhores, admito.. não é por acaso que estás aqui.."
Poderia perfeitamente ter deitado tudo por agua abaixo, mas Leonor sabia lidar com rapazes, e esta situação não lhe era estranha.
"Tens tanta certeza? só essa tua atitude merece uma caminhada na areia sim" e agora ambos sorriam, ele espantado com a sua própria capacidade, ela contente por ter encontrado o Verão naquele rapaz.
"Deixa-me só fechar a caixa e receber, ja vou ter contigo.." estava prestes a virar costas quando se lembrou.
"espera aí, eu ainda nem sei o teu nome.."
já ele se tinha perdido nos seus pensamentos conjugados pelas batidas suaves dos seus phones brancos.
música, música, tudo era música para ele, a voz da rapariga fundia-se com o som, tons harmónicos em sintonia com o ambiente..

"hum ah, João. chamo-me João.."

(é díficil arranjar título para algo inacabado)

"Cola Light Limão? acho que já não temos, era edição especial de Verão.. mas vou verificar"
Ai meu deus como ele tinha ficado mais uma vez sem saber o que dizer.. Como sempre, disfarçava tão mal! já lhe diziam os amigos, desde criança, mas ele não se importava. Dizia que o melhor das pessoas era serem verdadeiras.
E nisto acabou por sorrir, e ela retribuiu, simpática, prolongando o sorriso enquanto se afastava.
O sol incidia com toda a sua grandiosidade nos cabelos castanhos dela, tornando-os mais claros, como se uma aura celestial se tivesse apoderado deles! E várias sensações se apoderaram da mente imaginativa do rapaz..
Primeiro espanto, depois angústia, uma terrível sensação que de repente tomou conta dele, angústia de a ver afastar-se por entre as mesas da esplanada, balançando a cintura dum lado para o outro! angústia por saber que nada sabia sobre ela...
E tão de repente como tinha aparecido, a angústia desvanesceu-se, com o regresso da empregada do bar da praia.
"Nem sabes o que eu tive de fazer para arranjar esta garrafa! já iam para o armazém do fornecedor, mas realmente seria uma pena, estas colas de limão são tão boas! não achas?"
E nisto ele espanta-se ainda mais com a atitude dela, estava a ser fácil de mais, pensou..
"Bem, eu só queria mesmo ter um último sabor a Verão na boca.."
"Humm, isso todos nós gostavamos de ter" referiu baixinho, pensando que ele não conseguia ouvir.
"Como? será que noto aí saudade de alguma coisa? não acredito que estes dias fantásticos de Primavera não te encham de satisfação e alegria! - pela primeira vez conseguira atrair de facto a atenção dela, que agora o olhava interessada - O Verão volta, não te preocupes, ele não se esquece de voltar..."
Por ti, pensou ele, por ti o Verão faz tudo...
"Já são 5.. saio agora..estás interessado num passeio à beira-mar?"
"Estarei...?"

E tudo na vida agora sorria para ele...

adeus!

vou-me.
sair do aconchego em que me sentia bem, do abraço forte de quem parte para voltar no dia seguinte.
mas agora não há dia seguinte...
e agora o abraço ja nao é mais do que uma memória ainda presente, que doi... em vez do sufoco que deveria ser!
sufoco de emoção! de querermos gritar e agarrar o que gostamos! de querer que nada nem niguem fuja! os lugares, os momentos, os sorrisos, os olhares...
e nao tive esse último abraço das pessoas mais importantes nesta altura..nesta noite..
aqueles dois nao apareceram a horas decentes..
ela nao foi simplesmente..

o único ser presente era a sombra do sofrimento e solidão, a rir-se para mim, maldade, nao era preciso!

vou sentir falta de:
olhares de lado (ja quase inexistentes) vindos de quem me afectou durante muito tempo...
olhares cumplices de humm por parte da rapariga amiga especial...
o simples movimento que fazia nas aulas, virar-me para tras e ver a babs!...
e depois olhar para tras da babs e ver a pequenina :)
intervalos passados dum lado para o outro, sempre sem destino certo! que bons q eram!
almoços nos cachorros e no barbarico!
trocas de olhares com muitas pessoas, gostava de ter tempo para todos!
sonolência em Ciencia Politica...
Ritz Ditz!! caramba...
muito mais

mas não é o fim pois não?
eu gosto de acreditar..

abraço-vos!

ponto de exclamação para vocês

mas o que é um ponto de exclamação? nada mais do que um breve sentimento de alegria, surpresa, ou tudo isto e mais alguma coisa. porque somos nós que damos o sentido às palavras e às expressões que formamos por ti.
porque no fundo andamos todos à tua procura. tu que és a criadora de tudo quanto venero e respeito.
respeito-te amiga. rapariga. como quiseres que te chame, eu chamo.
e porque a partir de agora vou utilizar os pontos de exclamação com mais reservas, por considerar que te lisonjeio em demasia (começas a ficar com o ego lá em cima pá), deixo-te um último por agora...

És Grande minha amiga!

(dedico a todas vocês que sabem quem são)

Efémera.

Não mas é verdade. Acredites ou não é bem verdade.
E passas por mim, radiante e despreocupada, não te importando com o que vejo e ouço? com o que penso?
E eu? resta-me tentar fazer com que percebas... Ou já o sabes?
Ah, então isso explica muita coisa!
Os olhares que produzes, inquiridores e ao mesmo tempo doces..
Não, mas é verdade!! é mesmo como eu te digo!
E expresso aqui ficou, em tempos, o quanto eu te amei, o quanto eu te pensei e todo o conjunto bonito que tu és Poesia! Bonita Poesia...
Mas esses olhares de lado, esse teu sorriso que nos acompanha!
Matas-me com esse teu olhar! Não!! Estou viciado nessa expressão que se tornou permanente na minha vida!
Bastante simples e efémero. Perdoa-me, mas o grande ainda está para vir. As analogias esperam-te.
Ou serás tu que as esperas?
Reduzo-me à insignificância de querer ser a tua sombra...!