Tuesday, August 10, 2010

guardei-te no bolso, mais uma vez. o papel que te embrulhou é prata, alumínio se quiseres, e cheira a ti, que te lá enroscaste, aninhaste, se quiseres. ainda o tenho na mão porque ainda não quero admitir que te deixei ir. trago-te sempre comigo, no bolso, e cinco minutos apenas bastam para te lembrar no peito, onde dói, quando não estás. a saudade de te ter tido no meu abraço. e são então horas de te lembrar, no bolso furado que te largou, que não se deixa coser, que não deixa apagar o facto de teres de ir, quando vais, quando eu te deixo ir, se quiseres. são facas que se espetam, paus que me batem, correntes que me prendem, saudade, se quiseres.

Saturday, August 07, 2010

sou como tu és quando somos os dois
assim sendo, somos sempre assim,
um e o outro, um é o outro, um os dois
e depois, sem que haja razão aparente
somos nós os outros que, como nós
vão sendo assim só um, vão
ser assim os dois como sempre foram,
mas sem serem estranhos,
mas sem serem diferentes,
sem que façam barulho sobre a diferença
que não há, que não pode haver, que não
é. nada, não é, não há. isto porque
são eles, somos nós, sou eu e és tu,
somos todos o mesmo.
somos todos o mesmo,
somos todos, amor!
não são agora nem nunca foram
se algum dia o atrevimento deixar
mas não serão não, que não deixo
eu deixo e deixo ser, sem deixar que
sejam eles, que nunca o serão
porque eu não deixo.