Thursday, February 14, 2008

há sempre este medo estranho sabes?

É meia noite. O súbito silêncio que se impôs após o exaustor da casa de banho ter parado de trabalhar mata-me. Não estou habituado a tanto e a tão pesado silêncio. Daqueles silêncios desconfortáveis, como se toda a vida tivesse deixado de existir e só sobrasse eu, constantemente alerta de tudo o que agora me parece som. E que não passa apenas de um "sopro estranho", como dizia o outro.
Tem de ser agora a..

Não.

Isso não, seria estranho. E abrupto.
Mas o silêncio quase que me obriga a tomar medidas drásticas. Os 29 euros e 50 cêntimos em cima da mesa desafiam-me. E muito. Mas é muito cedo, ainda não ouço nada, a vida acabou agora de ficar escura e silenciosa! Espero ansioso o dia certo. Espero que esse dia não inclua o período de tempo em que o exaustor dorme. Sabes porquê? Não iria aproveitar todos os segundos.
O silêncio mata-me.
Puxo os cobertores até cima. Até me cobrir por completo. Até me esconder do medo terrível.
A tua ausência obriga o meu desespero. A minha raiva. A tua presença nunca a tive. Amanhã será a tua vez de dizer, mas não passará de um dizer abstracto. Sei que sim, sei e tremo por saber. A minha percepção é nada mais do que palavras escritas no chão da minha fantasia. E só eu sei como essa fantasia é real, neste momento intangível. Ama-me. Sente-me, pelo menos. Por favor.

É meia noite e agora passam já alguns minutos. Há sempre este medo estranho sabes?. O exaustor recomeça a trabalhar às seis da manhã.
Tenho ainda muito tempo para tremer sozinho.

1 Comments:

Blogger fi. said...

explosões no céu

10:53 AM  

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