Cheiravam a canela

Trouxeste-me as cartas rasgadas. Pedaços de papel outrora cheios de sentimento, cheios de ti. Trouxeste-as assim desfeitas por não conseguires reunir a coragem para as ler. Tiraste-lhes o encanto, já não cheiram a canela, já não há esse cheiro dos pózinhos que por ti espalhei nelas, essa especiaria que tanto gostas. Foi o fim essa tua dor que acabou com tudo. E já nem interessam as cartas, papel branco com palavras azuis e pretas, já não interessa nada. Porque agora, querendo ver o que nunca mostraste, não fui ao teu encontro. Fiquei a olhar da janela. E as cartas rasgadas que nunca leste, não as recebi de volta. Trouxeste-me as cartas, mas eu não apareci para te receber no meu abraço.