onde andas alice ?

As horas passam e ainda não chegaste, Alice. Olho pela janela do carro com esperanças de te ver, e não te vejo, Alice.
Onde andas?
O combinado era não dizer nada um ao outro, aparecer e pronto. Todas as quintas à uma da manhã, no parque de estacionamento do parque da cidade. A minha desculpa foi, como sempre, noite de poker em casa do Rui. A tua nunca soube. Nem nunca quis saber. Seria eu uma noite girls-only? Um cinema de última sessão com uma amiga com quem passas pouco tempo? Não sei. Sei que hoje, a estas horas, deveriamos ser apenas nós. Nós no carro. Nós na escuridão do parque. Nós na relva fresca. Nós junto ao lago, nas pedras. Eu e tu.
Nós.
Duas e meia.
E não apareces Alice.
Três.
Nada.
Não faz mal. Certamente foste impedida de comparecer ao nosso pecado por um qualquer motivo de força maior.
(ou deixaste de querer o meu abraço?)
Para a semana, cá estarei outra vez. Tenta aparecer a horas.
(tenta aparecer, de todo)

Nunca nos despedimos com um beijo.
Foi sempre um "até logo, vemo-nos por aí"
Dorme bem Alice.